Nome artístico de Farrokh Bulsara (Zanzibar, 5 de setembro
de 1946 — Londres, 24 de novembro de 1991), foi um cantor, pianista e
compositor britânico que ficou mundialmente famoso como fundador e vocalista da
banda britânica de rock Queen, que ele integrou de 1970 até o ano de sua morte.
Mercury tornou-se
célebre pelo seu poderoso tom de voz e seus desempenhos energéticos que sempre
envolviam a plateia, tendo sido considerado pela crítica como um dos maiores
artistas de todos os tempos. Como
compositor, Mercury criou a maioria dos grandes sucessos do Queen, como We Are the Champions, Love of my Life, Killer Queen, Bohemian
Rhapsody, Somebody to Love e Don't Stop Me Now. Além do seu
trabalho na banda, Mercury também lançou vários projetos paralelos, incluindo
um álbum solo, Mr. Bad Guy, em 1985, e um disco de ópera ao lado da soprano
Montserrat Caballé, Barcelona, em 1988. Mercury morreu vítima de
broncopneumonia, acarretada pela AIDS , em 1991, um dia depois de ter assumido
a doença publicamente.
Seu trabalho com
Queen ainda lhe gera reconhecimento até os dias de hoje: Mercury é citado como
principal influência de muitos outros cantores e bandas. Em 2006, ele foi
nomeado a maior celebridade africana de todos os tempos e também eleito o maior
líder de banda da história em uma votação pública organizada pela MTV
americana. Em 2008, ele ficou na décima oitava posição na lista dos 100 Maiores
Cantores de Todos os Tempos da revista Rolling Stone, e no ano seguinte a
Classic Rock o nomeou o maior vocalista de rock and roll. Com o Queen, Mercury
já vendeu mais de 150 milhões de discos em todo o mundo.
Freddie Mercury,
batizado de Farrokh Bulsara, nasceu na colônia britânica Cidade de Pedra, em
Zanzibar (hoje parte da Tanzânia), seus pais, Bomi e Jer Bulsara, eram parsis
zoroastrianos de Guzerate, na Índia. A família Bulsara se mudou da Índia para
Zanzibar para que Bomi pudesse manter seu emprego no Banco Colonial Inglês, e
lá o casal também teve sua segunda filha, Kashmira.
Em 1954, aos oito
anos, o garoto foi enviado para estudar na St. Peter Boarding School, uma
escola para meninos na cidade indiana de Bombaim, tendo feito todo trajeto
sozinho a bordo de um navio. Nessa época, já grande apreciador de música, ele
começou a ter aulas de piano, muito influenciado pela cantora local Lata
Mangeshkar. Aos doze anos, montou uma banda chamada The Hectics, com quem ele
se apresentava em eventos escolares cantando sucessos de artistas como Cliff
Richard e Little Richard, e foi nessa época que ele passou a ser chamado de
"Freddie" pelos amigos. Apesar de ser apreciado pelos mais velhos
devido a seu carisma e talento musical, o garoto sofria muito bullying por
parte das outras crianças de sua idade devido a sua personalidade afeminada, o
que o levou a se tornar uma pessoa introspectiva e muito tímida quando perto de
estranhos. Quando mais velho, Freddie passou a morar na casa de sua avó, mas
continuou frequentando o mesmo colégio até o fim do curso, voltando para a casa
de seus pais em seguida.
Quando Freddie tinha
dezessete anos, a família Bulsara, assustada com a Revolução Civil de Zanzibar
de 1964, mudou-se para a capital inglesa, Londres, onde ele passou a estudar
arte na Escola Politécnica Isleworth, posteriormente ganhando seu diploma como
designer gráfico através da Ealing Art College. Após sua graduação, Freddie foi
trabalhar como vendedor de roupas no famoso Mercado Kensington, ao lado de sua
então namorada Mary Austin, e também foi atendente no Aeroporto Heathrow por um
breve tempo. Em 1969, Freddie iniciou a banda Ibex, depois nomeada Wreckage,
mas que não durou muito tempo, depois integrando o grupo Sour Milk Sea. Em
abril de 1970, Freddie se juntou ao guitarrista Brian May e ao baterista Roger
Taylor no trio Smile, cujo nome foi alterado para Queen, e nessa época, Freddie adotou a alcunha Mercury como sobrenome artístico, baseado na letra de uma de suas
primeiras canções.
Mercury era bissexual
não assumido, embora seja costumeiramente descrito como totalmente gay. Em
dezembro de 1974, quando perguntado diretamente sobre sua sexualidade por um
repórter do jornal NME, Mercury respondeu que houve uma época em que ele era jovem e desprotegido", e que teve
sua "cota de humilhações escolares, deixando implícito que ser gay o
levou a ser discriminado por seus colegas de escola. Raramente Freddie falava
sobre sua vida particular para a imprensa, e sua família e amigos seguiam a
mesma linha, mas sua irmã, Kashmira, disse a uma rede de televisão britânica
que o cantor jamais falou sobre sua homossexualidade diante da família, mas que
todos sabiam, e isso nunca os havia incomodado. A mídia, no entanto,
especialmente a britânica, sempre teve interesse em revelar Freddie como gay, e
constantemente esse assunto era abordado em jornais, revistas e televisão; em
1986, por exemplo, o jornal The Sunday Times publicou uma matéria dizendo que
Freddie havia assumido ter uma dúzia de romances gays.
No início dos anos
70, Freddie iniciou um relacionamento com a vendedora de roupas Mary Austin,
que ele conheceu através de Brian May, que se estendeu durante anos. O envolvimento
amoroso deles acabou quando Freddie confessou sua natureza homossexual para
ela, mas os dois mantiveram uma grande amizade por toda a vida, com Freddie
dedicando a famosa canção Love of my
Life em sua homenagem, e também sendo padrinho de seu primeiro filho. Em
seu testamento, Freddie deixou para ela sua mansão em Londres, assim como a
detenção de todos os direitos autorais de sua discografia, o que continua a
render a Mary milhões de libras todos os anos. A moça ainda vive com sua
família na casa de Freddie. No fim dos anos 70, o cantor também teve um
relacionamento sério com um executivo da Elektra Records, que durou cerca de um
ano. Pouco tempo depois, o cantor se envolveu com a atriz austríaca Barbara
Valentin, que inclusive foi uma das figurantes no videoclipe da canção It's a Hard Life, e em 1985 iniciou
outro sério romance com o cabeleireiro Jim Hutton, com quem Freddie viveu até o
fim de sua vida; Jim não deixou Freddie durante sua doença e estava ao lado
dele na cama quando o cantor faleceu. Jim morreu vítima de câncer em 2010.
Mesmo tendo tido
outros relacionamentos, Freddie sempre deixou claro que Mary Austin foi a
pessoa mais importante de sua vida, e que a considerava uma esposa.
Muitos dos meus amantes me perguntam por que eles não podem substituir
Mary, mas é simplesmente impossível. Mary é minha única amiga, e eu não quero
mais ninguém. Para mim, é como um casamento. Nós acreditamos um no outro, e é o
suficiente para mim.
Mercury sobre Mary
Austin.
Em outubro de 1986, a
imprensa britânica começou a noticiar que Mercury havia sido diagnosticado como
portador do vírus da AIDS em uma clínica da rua Harley, e uma repórter do The
Sun perguntou ao cantor a respeito quando ele desembarcou em um aeroporto
voltando de uma viagem ao Japão, e ele negou o boato. De acordo com o parceiro
de Freddie, Jim Hutton, o cantor foi diagnosticado soropositivo em abril de
1987, mas decidiu negar todos os boatos sempre que questionado. No entanto, a
saúde física de Freddie se deteriorou rapidamente, e ele começou a aparecer em
público cada vez mais magro e pálido, o que levou a imprensa a publicar
centenas de artigos especulando sobre o assunto. Nessa época, o Queen havia se
aposentado dos palcos devido a condição do vocalista, e em 18 de fevereiro de
1990, quando o Queen foi homenageado no Brit Awards, em Londres, recebendo uma
condecoração por sua Contribuição a
Música Britânica, Freddie compareceu ao lado da banda, mas não falou nada,
o que apenas alimentou os rumores. Naquela altura, para o grande público, já
era uma certeza que o cantor era, de fato, seropositivo, e o Brit Awards foi
sua última aparição pública.
Em 1991, totalmente
recluso, Freddie era vítima constante do assédio de repórteres, que cercavam
sua casa e não iam embora durante dias para conseguir uma foto sua, que estava
com uma horrível aparência devido a sua doença. Uma foto do rosto de Freddie, magro
e com manchas negras, estampou uma edição do The Sun na matéria É Oficial: Freddie Está Gravemente Doente,
que foi a edição de jornal mais vendida no ano no Reino Unido. Apesar de não
poder se apresentar ao vivo, Freddie continuou a trabalhar com a banda até o
fim; depois de descobrir sua doença, o cantor lançou um disco de ópera e também
lançou mais dois álbuns com a banda, e continuou a gravar videoclipes com o
grupo, o vídeo de These Are the Days of
Our Lives, gravado em maio de 1991, foi o último trabalho de Freddie em
frente às câmeras; para esconder as horríveis manchas que tinha na pele, ele
teve de passar horas se maquiando, e o vídeo teve de ser lançado em preto e
branco para esconder sua aparência.
Em junho de 1991,
Freddie continuou a gravar vocais para novas músicas do Queen para que a banda
as terminasse depois, pois ele sabia que não sobreviveria por muito tempo, mas
um certo dia teve de abandonar os estúdios totalmente por não ter mais forças
nem para se manter em pé. Essas canções foram posteriormente lançadas no álbum
póstumo Made in Heaven, em 1995. Em seus últimos dias, Freddie perdeu a visão e
não conseguia sair da cama, por isso decidiu parar de tomar sua medicação, e
passou a esperar pela morte. Em 22 de novembro, Freddie chamou o empresário do
Queen, Jim Beach, e pediu que ele fizesse um comunicado à imprensa para
divulgar sua doença, que foi lançado no dia seguinte. Cerca de vinte e quatro
horas após o comunicado ser feito, durante a noite, Freddie faleceu vítima de
broncopneumonia, acarretada pela AIDS. Seu funeral ocorreu em Londres três dias
depois, assistido por trinta e cinco pessoas, incluindo a família de Freddie,
os membros e o empresário do Queen, Mary Austin, Jim Hutton e poucas outras
pessoas. O corpo do cantor foi cremado no Cemitério de Kensal Green, e suas
cinzas foram entregues a Mary Austin, e apenas ela, Jim Hutton, a família do
cantor e os membros do Queen sabem onde as cinzas foram depositadas, e nunca
revelaram seu paradeiro.
Seguindo a enorme comoção da mídia nas últimas duas semanas, eu
gostaria de confirmar que fui testado como seropositivo e tenho AIDS. Eu senti
que era melhor manter isso privado até agora para proteger a mim e aqueles ao
meu redor. No entanto chegou a hora de meus amigos e meus fãs saberem a
verdade, e espero que todos se juntem a mim e aos meus médicos na luta contra
essa terrível doença. Minha privacidade sempre foi importante para mim e sou
famoso por minha falta de entrevistas, por favor, entendam que essa política
continuará.
Parte do comunicado
de Freddie Mercury assumindo ser soropositivo.
Mercury se tornou
mundialmente famoso como vocalista da banda de hard rock Queen, que ele formou
ao lado do guitarrista Brian May e do baterista Roger Taylor em 1971 sob o nome
Smile, com o nome Queen sendo
adotado logo depois do recrutamento do baixista John Deacon. Os primeiros
álbuns da banda, Queen e Queen II tiveram uma recepção mais limitada ao Reino
Unido, e o grupo conseguiu certa projeção mundial com o disco Sheer Heart Attack,
com a conhecida canção Killer Queen,
mas foi em 1975 que a banda atingiu o estrelato com o álbum A Night at the
Opera, que trouxe a canção Bohemian
Rhapsody, um grande clássico na qual Mercury fundiu o rock and roll com a
ópera e criou aquela que é, até hoje, considerada uma das maiores gravações
musicais da história. O Queen seguiu lançando discos muito bem vendidos e
realizando grandes turnês mundiais. Em 1976, foi lançado A Day at the Races,
com a canção Somebody to Love, e em
1977 saiu News of the World, que trouxe os dois maiores hinos do grupo, We Will Rock You e We Are the Champions. O álbum seguinte, Jazz, não foi um fracasso,
mas falhou em conseguir a mesma aceitação de seus antecessores, apesar de que
com The Game o Queen voltou a ser elogiado, trazendo canções como Crazy Little Thing Called Love" e Another One Bites the Dust, uma canção
ao estilo de funk rock que foi um grande sucesso e esteve no topo da Billboard
Hot 100 por várias semanas. Na turnê de The Game, o Queen tornou-se a primeira
grande banda europeia a se apresentar na América do Sul, com cinco datas na
Argentina e duas no Estádio do Morumbi, na cidade brasileira de São Paulo,
atraindo uma audiência combinada de quase trezentas mil pessoas.
Em 1982, empolgado
com a boa recepção de Another One Bites
the Dust, Freddie decidiu que queria gravar um álbum inteiro nesse estilo,
uma ideia que desagradou profundamente os outros três membros do grupo, mas que
acabaram cedendo, produzindo canções de funk rock, new wave e outros estilos
diferenciados. O álbum em questão, Hot Space, se tornou o único grande fiasco
do grupo, desagradando profundamente os fãs e recebendo um péssima avaliação da
crítica, sendo, até hoje, considerado uma dos piores álbuns já lançado por uma
banda. O fracasso do disco causou muitos problemas no grupo, que se separou
momentaneamente, reunindo-se mais tarde para gravar um novo disco, voltando ao
seu estilo habitual. O álbum The Works permitiu que a banda recuperasse sua
popularidade, trazendo grandes sucessos como I Want to Break Free, Radio
Ga Ga e Hammer to Fall. Na turnê
do disco, a banda voltou ao Brasil como atração principal da primeira edição do
festival Rock in Rio, na cidade do Rio de Janeiro em 1985, se apresentando em
duas noites para uma audiência combinada de cerca de seiscentas mil pessoas.
Mais tarde naquele ano, a banda realizou uma de suas mais famosas
apresentações, como atração principal do festival beneficente britânico Live
Aid, no Estádio de Wembley, que foi transmitida ao vivo na televisão para
milhões de pessoas e é, até hoje, considerada pela crítica a maior apresentação
de um grupo de rock já feita. Nesse mesmo ano, Freddie lançou seu álbum solo,
Mr. Bad Guy, que teve vendas modestas, mas gerou alguns sucessos como Living on My Own e I Was Born to Love You.
Em 1986, com sua
popularidade altamente renovada, o Queen lançou o disco A Kind of Magic, que
foi um grande sucesso, e realizou uma turnê de estádios pela Europa, com uma
produção e recepção nunca vista antes, com dois concertos no Estádio de Wembley
que foram gravados e lançados em vários formatos posteriormente. Em 1987,
Freddie descobriu ser portador do vírus da AIDS, e sua saúde física se
deteriorou rapidamente, por isso o Queen se aposentou dos palcos, sendo que o
concerto final da Magic Tour, em Londres, no dia 8 de agosto de 1986, foi o
último momento de Freddie no palco. Trabalhando apenas no estúdio, o grupo
lançou The Miracle em 1987, e no ano seguinte, Freddie voltou a inovar sua
carreira ao lançar o disco Barcelona, um projeto de música clássica ao lado da
soprano espanhola Montserrat Caballé. Em 1991, o Queen lançou Innuendo, que foi
um grande sucesso comercial, e mesmo estando com sua saúde extremamente debilitada,
Freddie continuou a trabalhar exaustivamente, tanto que, após menos de um mês,
ele já estava em estúdio gravando vocais para um disco novo do grupo. O cantor,
que morreu nesse mesmo ano, já sabia que não sobreviveria por muito tempo, por
isso gravou todos os vocais antecipadamente para que a banda concluísse o
trabalho mais tarde.
Em 1992, os três
integrantes remanescentes do Queen organizaram um grande concerto em homenagem
a Freddie, o The Freddie Mercury Tribute Concert, no Estádio de Wembley, que
teve a participação de muitas das maiores bandas da história, como Led
Zeppelin, Guns N' Roses, Metallica, U2, e muitas outras. O álbum gravado com os
vocais que Freddie deixou prontos, Made in Heaven, foi finalizado e lançado em
1995. Hoje em dia, estima-se que o Queen já tenha vendido mais de cento e
cinquenta milhões de discos ao redor do mundo.
Além de cantar,
Freddie também tinha uma grande versatilidade artística, sendo capaz de tocar
vários instrumentos, sendo também o pianista do Queen. O cantor começou a ter
aulas de piano aos nove anos na Índia, e depois de se mudar para Londres, foi
treinado na guitarra e no violão, tendo tocado esses instrumentos em várias
canções do Queen, e apesar de também ter grande habilidade para tocar teclado,
o cantor não gostava desse instrumento, por isso, alguém de fora do Queen
sempre era convidado para tocá-lo nos discos do grupo, como Fred Mandel e Mike
Moran. Nos concertos do Queen, Freddie executava ao vivo todas as partes de
piano, e após 1980, quando foi lançada a canção Crazy Little Thing Called Love, Freddie passou a executá-la ao vivo
tocando violão, e depois tocando guitarra ao lado de Brian May. Apesar de sempre
ter tido uma mente aberta com relação a novas tecnologias, e ter aprovado o uso
de sintetizadores em vários discos do Queen, Freddie costumava ter aversão a
pianos elétricos por achar o som deles artificial, tanto que em 1975, o cantor
se recusou a tocar um piano Wurlitzer na canção You're My Best Friend, de John Deacon, levando o próprio John a ter
que gravá-lo.
No Queen, Mercury era
o principal compositor ao lado de Brian May, com Roger Taylor e John Deacon tendo
um papel geralmente menor. Freddie
criou a maioria dos grandes sucessos do Queen, como We Are the Champions, Bohemian
Rhapsody, Love of my Life, Don't Stop Me Now, Killer Queen, Crazy Little Thing Called Love, e
muitas outras. Com o passar dos anos, as composições de Freddie para o
Queen passaram por uma grande sucessão de estilos, com uma grande versatilidade
artística sendo um dos maiores aspectos do cantor.
Freddie possuía uma
variado gosto musical e influência de diversos cantores e bandas, o que o
levava a estar sempre diversificando suas criações. No início dos anos 70,
quando o Queen começou, o Led Zeppelin já era uma banda muito popular e apreciada
por Mercury, sendo a principal influência em canções como Seven Seas of Rhye e Killer
Queen, canções com um toque de jazz rock característico dos álbuns do Led
Zeppelin. Um grande fã de Elvis Presley, Freddie baseou muito de seu estilo e
performance no astro, e algumas canções foram criadas ao estilo sessentista de
Elvis, como Crazy Little Thing Called
Love e Man on the Prowl. No
entanto, a tradicional música clássica e o canto gospel, com os quais Freddie
teve muito contato enquanto crescia, sempre foram suas principais fundações,
com muitos sucessos do Queen trazendo vocais agudos e uma forte presença de
piano e coros de fundo, como é o caso de Somebody
to Love, composta como se fosse um hino gospel, e It's a Hard Life, que abre com uma área da ópera Pagliacci, de
Ruggero Leoncavallo. O psicodelismo dos anos 70, popularizado pelo Pink Floyd,
também teve grande impacto sobre Freddie, principalmente em canções como Get Down, Make Love e My Melancholy Blues.
Freddie ainda apreciava
o funk e o pop rock, o que o levou a criar várias canções nesses estilos, como Under Pressure e Body Language. A mais apreciada composição de Freddie é Bohemian Rhapsody, uma canção
revolucionária e complexa, dividida em várias partes e soando em diversos
estilos, desde o hard rock até a ópera, possuindo uma letra trágica e
rancorosa, e Freddie nunca explicou seu verdadeiro significado, se referindo a
ela como sendo [...]uma daquelas músicas
que possui um sentimento de fantasia. Eu acho que as pessoas deveriam apenas
ouví-la, pensar sobre ela, e então refletir sobre o que ela tenta lhes
dizer[...]. Em uma entrevista de 1986, Freddie declarou: Eu odeio fazer sempre a mesma coisa. Gosto
de conhecer as novidades da música, do cinema e do teatro, e então, usar tudo
isso.
Durante sua carreira
com o Queen, Mercury realizou mais de setecentos concertos ao redor do mundo em
quinze anos em todos os continentes, exceto a Antártida. O Queen foi a primeira
banda europeia a fazer turnês na América do Sul, com datas na Argentina, Brasil
e Venezuela, e também foi o primeiro grupo a se apresentar na África do Sul, um
acontecimento que causou polêmica, pois, naquela época, se apresentar na África
significava, aos olhos da política, que o indivíduo apoiava o apartheid
(separatismo racial), acusações que foram recebidas como piada pelo grupo. O
Queen se tornou célebre por esses e outros feitos, na época, únicos, como se
apresentar para cerca de seiscentas mil pessoas no Rock in Rio de 1985, e
também ter realizado um concerto para oitenta mil pessoas na Hungria em 1986. A
performance mais célebre de Freddie aconteceu no evento beneficente Live Aid,
em 1985, quando setenta e duas mil pessoas no Estádio de Wembley cantaram e
bateram palmas juntas sob o comando do cantor, até hoje enaltecido pela crítica
devido a esse dia.
Mercury possuía
várias marcas registradas que lhe deram notoriedade, tanto quanto a sua
performance quanto a sua aparência pois, quando ao vivo, Freddie cantava usando
um microfone preso a metade de um pedestal, como se fosse seu cetro (Queen significa Rainha), uma ideia que ele teve antes do grupo, quando seu pedestal
quebrou e ele achou que o aparelho era um bom efeito visual. Quando cantava,
Freddie fazia movimentos considerados teatrais,
influenciados pelo seu treinamento em ballet, e também, em todos os concertos,
Freddie envolvia a plateia em uma sequência conhecida como chamada e resposta, na qual ele executava algumas notas vocais e,
em seguida, a plateia as imitava, permitindo que até as multidões em grandes
estádios tomassem parte. Freddie também costumava permitir que o público
cantasse partes de várias canções, principalmente a versão acústica de Love of my Life, e também comandava
acenos e palmas sincronizadas em canções como We Will Rock You e Radio Ga
Ga. Nos anos 70, Freddie tinha cabelo comprido e usava uma característica
roupa quadriculada, mas a partir dos anos 80 passou a exibir um cabelo mais
curto e deixou o bigode crescer, o que se tornou outro de seus símbolos. Logo
no começo, devido ao bigode, pessoas da plateia costumavam jogar giletes e
espuma de barbear no palco, que o cantor agradecia e guardava no bolso.
Até hoje, a crítica
considera Mercury como um dos maiores artistas da história devido a sua
performance. Um repórter do The Spectator o descreveu como um artista fora de série, chocante e charmoso com
várias versões extravagantes de si mesmo. O popular cantor David Bowie, que
já gravou e se apresentou com o Queen, se referiu a Mercury dizendo que dentre todos os cantores teatrais de rock,
ele foi o único a levar tudo a um outro nível [...] era alguém que podia,
literalmente, ter a plateia na palma da mão. O guitarrista Brian May
declarou que Freddie conseguia fazer a
última pessoa na última fileira do estádio se sentir incluída. Em uma
resenha do Live Aid em 2005, um crítico escreveu que aqueles que listam os maiores vocalistas da história costumam dar a
primeira posição para Robert Plant ou Mick Jagger, mas estão terrivelmente
errados, por sua performance mitológica no Live Aid Mercury era, sem dúvida, o
maior de todos.
Integrantes de muitas grandes bandas que
surgiram antes ou depois do Queen apontam Mercury como grande influência em seu
trabalho. Axl Rose, vocalista do Guns N' Roses, baseou muito de sua postura no
palco em Mercury, com relação a seus movimentos, o uso do piano e o modo de
cantar, por exemplo, e declarou que se não tivesse ouvido as letras de Freddie
quando criança, não sabe o que teria sido dele. Kurt Cobain, do Nirvana,
escreveu em sua carta de suicídio que admirava e invejava a felicidade que
Freddie sentia ao estar no palco, e Robert Plant, do Led Zeppelin, declarou que
Mercury era o único cantor que, por trás de sua lenda, realmente era uma lenda.
Paul McCartney, certa vez, se referiu a Freddie como "Rei Mercury.
Dave Grohl, do Foo
Fighters, declarou que todas as bandas deviam estudar Freddie no Live Aid, quando
ele demostrou que era o maior vocalista
de todos. Personalidades da música pop também admiram seu trabalho, como
Michael Jackson, que assistiu a vários concertos do Queen em Los Angeles, e
apontava Mercury como seu cantor favorito, e Katy Perry o apontou como sua
maior influência, declarando que a combinação de sua performance sarcástica e
suas letras, combinadas com sua atitude de indiferença, afetaram muito sua
música. Lady Gaga criou seu nome artístico baseado na canção Radio Ga Ga e descreveu Freddie como
sendo um gênio, que conseguia se reinventar constantemente.
Em 2008, Mercury
ficou em segundo lugar na lista da MTV das 22
Maiores Vozes da Música, e no ano seguinte também ficou em segundo lugar na
lista da rádio Planet Rock das Maiores
Vozes do Rock and Roll, mas foi o campeão na lista dos Maiores Vocalistas da História da revista Classic Rock. Em 2011,
Freddie ficou em segundo lugar na lista da NME dos Maiores Cantores da História, também ficou em segundo lugar na
lista 100 Melhores Vocalistas da
História pela revista Rolling Stone, e foi eleito o maior cantor de todos
tempos pelos leitores da revista Gigwise.
Em 25 de novembro de
1996, foi inaugurada uma estátua em homenagem a Mercury na cidade suiça de
Montreux, as margens do Lago Léman, com três metros de altura projetada por
Irena Sedlecká; a cerimônia foi assistida por Brian May, Roger Taylor,
Montserrat Caballé e o pai de Freddie, assim como por milhares de pessoas. A
partir de 2003, fãs de várias partes da Europa começaram a se reunir anualmente
em frente à estátua de Montreux para prestar tributo ao cantor, com a banda
Bearpark And Esh Colliery apresentando canções do Queen. Em 1999, a Royal Mail
imprimiu uma série de selos nacionais com o rosto de Freddie, como sinal de
respeito.
Em 2009, uma estrela
foi colocada em uma calçada de Londres no local em que a família de Freddie
desembarcou na cidade em 1964, em uma cerimônia assistida por Brian May e pela
mãe do cantor. A partir de 2009, uma compilação de vídeos em sua homenagem
passou a ser exibida toda semana em um telão em frente ao Fremont Street
Experience, um dos maiores cassinos de Las Vegas. No mesmo ano, foi inaugurada
uma estátua de Mercury em frente ao Teatro Playhouse na cidade escocesa de
Edimburgo. Outra grande estátua está localizada em frente ao Teatro Dominion de
Londres, onde o musical We Will Rock You, baseado nas canções do Queen, é
apresentado.
Em celebração dos
sessenta e cinco anos de Mercury, o Google o homenageou com seu logotipo em sua
página online de pesquisas, que por algumas semanas mostrava uma animação de
Freddie cantando Don't Stop Me Now.
Outro grande tributo foi pago na Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos
de Verão de 2012, quando foram mostradas em vários telões do Estádio Olímpico
de Londres a gravação de Freddie realizando sua chamada e resposta com a plateia de Wembley em 1986, e a multidão
de espectadores e atletas no local respondeu adequadamente. Em seguida, Brian
May e Roger Taylor tocaram We Will Rock
You com a cantora Jessie J no vocal.
Em 24 de novembro de
1997, um monodrama baseado na vida de Mercury, o Mercury: The Afterlife and
Times of a Rock God, estreou em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A peça
apresenta Freddie, interpretado por
Khalid Gonçalves, examinando sua vida, em um texto de Charles Messina. Billy
Squier abria a peça interpretando a canção acústica I Have Watched You Fly, que ele escreveu.
Em 2010, numa
entrevista para a BBC, Brian May revelou que o ator Sacha Baron Cohen,
conhecido por seus personagens cômicos como Ali G e Borat, havia sido escolhido
para interpretar Mercury em um filme sobre sua vida. O roteiro está sendo
escrito por Peter Morgan e vai ser produzido pela TriBeCa Productions de Robert
De Niro, com a história indo desde a formação do Queen até a apresentação no
Live Aid. Em abril de 2011, May confirmou que o filme ainda será feito, com
previsão para ser gravado em 2014, no entanto, Sacha Baron desistiu do papel e
seu substituto não foi revelado.
Em setembro de 2012,
foi lançado em DVD e Blu-ray pela Eagle Rock Entertainment, o documentário
Freddie Mercury: The Great Pretender, exibido no mesmo ano pela rede britânica
BBC One, e vencedor de um Emmy Internacional de melhor programa artístico.
Freddie foi retratado
como um personagem de apoio na série britânica Best Possible Taste: The Kenny
Everett Story, exibido em outubro de 2012, interpretado por James Floyd.
Discografia:
Com o Queen, Mercury lançou quinze álbuns, incluindo um
disco póstumo, e também lançou dois álbuns solo:
Com o Queen:
Queen (1973)
Queen II (1974)
Sheer Heart
Attack (1974)
A Night at
the Opera (1975)
A Day at
the Races (1976)
News of the
World (1977)
Jazz (1978)
The Game
(1980)
Flash
Gordon (1980)
Hot Space
(1982)
The Works
(1984)
A Kind of
Magic (1986)
The Miracle (1989)
Innuendo (1991)
Made in Heaven (1995)
Solo:
Mr. Bad Guy (1985)
Barcelona (1988)